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sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O fim da WEBJET...


Cada dia entendo menos umas decisões de última hora das empresas no Brasil. Ninguém precisa ser muito gênio para lembrar que estamos na reta final do ano, o que se costuma chamar de alta temporada no turismo brasileiro, ou seja esta é a época do ano que as empresas aéreas voam com suas maiores taxas de ocupação, se não me engano o último trimestre é o melhor trimestre do ano para a aviação mundial. E o que a Gol faz, tira de operação 6 aeronaves....

É mais ou menos como o dono de um bar no litoral de São Paulo aguentar firme o inverno inteiro com prejuízos operacionais enormes, além disso comprar um de seus concorrentes durante este período mesmo sabendo que este concorrente precisava de muito investimento para voltar a ser competitivo, e decidir fechar uma destas operações na véspera do início do verão quando teoricamente iria reaver todos os investimentos feitos aproveitando a alta temporada que se iniciava (Convenhamos que na alta temporada, o bar pode ser feio, caindo aos pedaços e até meio sinistro que sentamos e bebemos nossa cervejinha, mesmo que ela não esteja hiper gelada).

Os executivos da Gol compraram a Webjet sabendo o que a Webjet era, sabiam que era uma operação superada, isso não é novidade e nem supresa no mercado, mantiveram a operação deficitária, tanto da Gol como da Webjet (a Gol por uns motivos e a Webjet por outros), e agora decidem fechar o boteco...ooops quer dizer a Webjet???

Já existem notícias, nao confirmadas, que os passageiros da Webjet estão encontrando dificuldade em achar assentos nos vôos da Gol para o mesmo horário e datas em que haviam comprado seus bilhetes.

Lógico que isso ia acontecer, tendo 70% de taxa média de ocupação em sua operação, e com tendência de crescimento sazonal devido a temporada de verão, a Gol não vai conseguir acomodar todo mundo (afinal cada avião só pode carregar 100% de sua capacidade e até onde sei 70% + 70% são 140%. Alguns vão dizer que as aeronaves da WEBJET eram menores que as da Gol, posso garantir que a conta vai dar mais de 100% em alguns vôos mesmo assim) e em consequencia disso alguns dos passageiros não vão conseguir voar como previsto.

 Esquecendo o fator social de mandar embora 850 funcionários no ultimo mês do ano e deixar estas famílias a ver navios e com o natal bem estressado, gostaria de saber o que a gol pretende com esta manobra? Tenho minhas opiniões, mas vamos ver os desdobramentos para entender o que vai acontecer.

P.S: Em tempo as taxas de ocupação (Load factor) de todas as companhias no mês de outubro/2012 foram maiores do que as da Gol e também foram maiores que as obtidas ano passado, com exceção da Gol, que foi menor.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Perda de rumo ou ego inflado, uma história interessante

Tenho acompanhando a aviação comercial no Brasil há anos, nos últimos 5 como profissional e nos últimos 3 em virtude de um projeto pessoal no segmento. Primeiro vamos dar as boas notícias, temos hoje no Brasil duas empresas fazendo uma aviação comercial bem interessante. A Avianca e a Azul tem um caminho definido e uma estratégia firme e focada.

No primeiro caso a Avianca busca ocupar um espaço de nicho, focado em diferencial e serviços e conforto a preços justos, está muito próxima do break even e está montando um time de primeiro nível em aviação. Explicar mais sobre o projeto da Avianca levaria muito tempo, consolidar a posição na América do Sul e colocar um pé na Europa com a compra da TAP são os próximos passos, a operação é muito sólida e tem profissionais de primeira linha gerindo operacional, tática e estrategicamente o negócio.

Já a Azul tem mais coisas a oferecer, com o discurso de empresa regional a Azul tem um foco mais amplo e uma estratégia que vai levá-la inevitavelmente a liderança de mercado em poucos anos. O caminho é mais longo, mais custoso e mais arriscado, mas absolutamente certo, atender cidades de médio porte, com menor concorrência, vôos diretos, alimentando um hub e em consequência rotas de maior densidade é o caminho para a liderança, a TAM fez isso em seus primórdios e depois abandonou a estratégia em detrimento a uma internacionalização e atendimento de rotas de grande densidade, certa ou errada, a TAM mudou seu caminho.

O projeto da Azul não é novo nem inédito na aviação mundial, apenas está sendo executado de maneira primorosa, alia aeronaves modernas, maior conforto, atendimento amistoso, com preços justos ( e não baixos, conforme facilmente se vê em suas tabelas) e uma operação confiável. O cash cow é claramente em rotas com baixa ou nenhuma concorrência, a diversidade de aeronaves é um diferencial, operar jatos médios e turbo hélices pode parecer inicialmente anti econômico, mas devido a alta taxa de ocupação os custos são diluídos em um nível ótimo.

Tudo isso obra de uma equipe sólida, amantes da aviação e que conhecem profundamente o negócio, capitaneados por um executivo fora do comum que é o presidente da empresa. A história da Azul tem alguns fatos que não foram contados claramente.

Mesmo tendo um início nebuloso, hoje confio no projeto, talvez os idealizadores deste projeto não fossem tão eficientes em sua implantação.

E PORQUE DEI O TÍTULO DE PERDA DE RUMO OU EGO INFLADO, UMA HISTÓRIA INTERESSANTE.

Bom, agora vamos falar de quem não vai tão bem, as más notícias e que podem levar um dos players a uma posição delicada nos próximos anos. Primeiro vou falar de quem resolveu o problema, a TAM com a aquisição pela LAN resolve seu problema, ganha escala, ganha malha internacional, passa a atender de maneira eficiente o Atlântico e o Pacífico, se consolida como líder em vôos internacionais, e defende sua posição de liderança no mercado nacional, pelo menos por enquanto.

Os ganhos gerados pelas sinergias operacionais e administrativas serão suficientes para equilibrar uma operação que vinha fazendo água há anos.

Sobrou a empresa que tem problemas sérios, sérios demais por sinal. Os problemas não são novos, não são inéditos e não vejo que estejam no caminho de ser solucionados.

Cabe aqui um comentário e parênteses, em nenhum momento duvido da capacidade pessoal dos executivos que estão sendo colocados em uma frigideira para fritura em fogo brando, acredito que o problema é bem mais sério, vamos a ele.

A Gol perdeu seu rumo, fugiu de sua vocação e ainda não se encontrou, realmente não sei dizer quando isso ocorreu, tenho meus palpites e não passam disso, mas sei quando os primeiros sinais ficaram bem claros, participei como pretenso candidato de um dos processos que me levaram a esta análise e por isso escrevo este texto.

Em 2009 durante a segunda grande reestruturação da Gol, a primeira ocorreu quando da compra da Varig ( dizem que a grande causadora de todos os males da Gol, o que duvido), fui chamado pelo headhunter que buscava um VP Comercial para a empresa.

Aquela conversa de cerca Lourenço sobre o projeto e a posição e no final da conversa viro para o HH e digo que o projeto era para a Gol, ele pede confidencialidade e confirma que era para VP da Gol, que queria me indicar e fazer um esforço importante para eu ser o escolhido. Ele acreditava que eu tinha as características e atendia a necessidade da empresa. Salário mega (7 dígitos por ano), desafio super interessante, mas eu que não sou besta e sei em qual vespeiro posso colocar a mão declino do convite.

O HH engasga e me pergunta o porque, a explicação dada naquele momento é simples, não tinha ( e não tenho até hoje) a grife para ser VP da Gol. Passada esta fase o HH começa a conversar sobre o perfil dos outros candidatos que estão no processo sem citar nomes, claramente havia uma distorção, o HH tentava me convencer que um candidato que viesse do mercado de FMCG ( fast moving consumer goods) seria o candidato ideal para a posição, que estariam acostumados a alta perecibilidade, políticas agressivas de preços e posicionamento de marca e por aí caminhava a ladainha.

Achei que este problema seria resolvido pelo Constantino e pelo seu conselho que veriam que este perfil não daria certo, ledo engano.

A VP que foi contratada vinha deste mercado, mais por fora que umbigo de vedete e junto com isso veio com a pior característica que podia haver neste cenário, era extremamente arrogante. Ela quis empurrar goela abaixo a cartilha de FMCG em um prestador de serviços, impôs sua posição e entrou na briga, sem nenhum soldado olhando as costas, resultado, desmontou o time que havia, montou um com a turma dela e a Gol está do jeito que está.

Pra piorar a situação, logo após sua contratação, um amigo italiano, presidente do maior operador de carga aérea da Itália e um dos maiores da Europa esteve no Brasil e foi recebido pela executiva, nos encontramos no mesmo dia e vou tentar replicar a opinião dele sobre ela “ simplesmente ela não sabe nada sobre nada, não sabe do que está falando e nem tem idéia de como aprender. Como pode uma empresa como a Gol colocar a área comercial na mão de alguém assim?”

Tudo que é ruim sempre pode piorar e pra isso a Gol faz a 3º reestruturação, menos de 1 ano e meio depois de contratar, demite a coitada da VP e coloca no lugar dela um ex Ambev Boy, que tinha sido contratado na 2º reestruturação pelo mesmo HH para ser o VP de gente e gestão ( nome diferentinho né) e que entende menos ainda do que ela de negócios, principalmente deste negócio que é aviação comercial, resultado o cara dura 8 meses no cargo e estamos na 4º reestruturação em menos de 3 anos.

Agora a Gol sacou o nome do Paulo Kakinoff para presidente da empresa, pqp, onde o Constantino tem escolhido os executivos dele? Será que anota um monte de nomes em pequenos pedaços de papel, joga pro alto e o que ele pegar é o novo executivo?

Vamos analisar friamente quem é o PK, um executivo de uma única indústria e de duas empresas nesta indústria, sem conhecimento de gestão pesada, ser Presidente da Audi no Brasil é ser um concessionário com muitas lojas e nada mais do que isso, mesmo que o Brasil seja um mercado importante para a Audi é uma operação pequena e baseada unicamente em marketing e distribuição, ele tem vocação e sempre gerenciou operações de produtos de luxo, bens duráveis, de alto valor agregado e altas margens de lucro.

Aí pegamos esta fera e colocamos em um negócio de serviços, focado em público classe B/C, de alto giro, perecibilidade altíssima ( bem mais alta do que FMCG como aprendeu a duras penas a VP anterior), baixo valor agregado, com margens de lucro baixíssimas. Sem colocar a qualidade do PK como gestor em cheque, não acho que ele seja culpado por ser escolhido, posso estar completamente equivocado, mas acho que em alguns meses ( entre 18 e 24 para ser exato) teremos a 5º reestruturação na Gol.

Será que o erro está nos executivos ou na retomada do projeto e da vocação da Gol, que fez ela ter seu business plan eleito o melhor BP da aviação comercial em 2001, que trouxe ela a (vice) liderança de mercado, que fez dela uma das melhores operadoras de 737-800 do mundo, uma das empresas mais rentáveis do negócio durante alguns anos, case de sucesso estudado por qualquer zé ruela que se aventurava no negócio de aviação.

Se for este o caso, o erro está no conselho e no seu presidente, se não for este o caso, bom o erro está no conselho também que deixou executivos experientes saírem do negócio, que deixou o ego do Constantino deixar escapar 3 executivos que fizeram da Gol o que ela era e esperavam sua oportunidade de serem presidentes da empresa, conselho este que entrou na lábia do HH em 2009 e que entrou de novo na lábia de alguém nesta escolha equivocada novamente.

Uma história triste de ego e perda de rumo, vamos ver os próximos capítulos.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

DECLARAÇÃO DE AMOR INCONDICIONAL

Minha filha linda, hoje você completa 16 anos, lembro como se fizesse poucos minutos de seu nascimento, poucas emoções foram tão fortes quanto o momento que você veio ao mundo e pude pela primeira vez olhar você. Se pudesse recomeçar e viver tudo de novo seria isso que faria mil vezes, lembro do seu aniversário de 1 ano, dia em que pela primeira vez andou sem nenhum apoio, simplesmente levantou e saiu andando como se sempre tivesse feito isso, levantou e caminhou como se fosse a coisa mais natural do mundo, talvez para ninguém seja mais importante do que pra este seu velho ( e muitas vezes chato) pai ter visto seus primeiros passos independentes. Faz 15 anos, depois deste primeiro aniversário, que vejo você caminhando sozinha, cada vez mais segura e mais independente. Sou um fã, mesmo que muitas vezes não pareça, de suas iniciativas e da sua inteligência. Mesmo que distante, saiba que estou próximo de você em pensamento e que o amor e carinho que tenho por você estarão sempre acima de qualquer distância que estejamos. Hoje vejo que, junto com sua mãe, estamos criando um ser humano no sentido mais lindo da expressão, tenho orgulho de você ser esta pessoa sentimental, inteligente, carinhosa e amiga, tenho orgulho de ser seu pai e acima de tudo tenho orgulho dos valores que você cultivou e alguns que cultivamos com você, entre eles o mais importante que é valorizar mais o ser do que o ter. Espero ao longo de nossa vida continuar dividindo outros valores novos e aprender muitos outros com você Desejo tudo de bom que poderia desejar, paz, saúde, felicidade, carinho, alegrias, mas desejo mais, desejo muito amor pelos seus pais, pelo seu irmão, pela sua avó Léa e seu avô Edson, tenho certeza que seu avô Edwin e sua avó Eunice estão olhando por você também, pela suas tias ( todas, incluindo tia Edi e tia Elza), e tios ( Eduardo, Samir e Samuel em especial), pelos seus primos e primas e pelos inúmeros amigos que já tem e pelos que ainda vá ter, eles saberão como valorizar uma menina linda e esta pessoa muito carinhosa e cativante. Sei que muitas vezes fui muito duro e outras muito mole, mas saiba que acima de tudo sou seu amigo. Espero que daqui a poucos anos você não me chame apenas de pai, mas me chame de seu melhor amigo. Sou teu maior fã e espero que sempre conte comigo. Amo você incondicionalmente e para sempre. Parabéns pequena filhotona linda!

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Foxxcon - Será que vale o sacrifício?

Depos de ler esta matéria na Folha resolvi escrever um pouco. Mais grave do que dizer que não trabalhamos e subestimar o mercado brasileiro de 190 milhões de habitantes, este senhor diz que vai transferir tecnologia. Opa pera lá! Qual tecnologia ele vai transferir? tecnologia de soldar as placas, produzir e copiar produtos licenciados por fabricantes que utilizam as fábricas da Foxxcon apenas para se beneficiar de salários baixos e fartura de mão de obra? Sem ser revanchista ou ufanista, será que precisamos de um empresário e um empreendimento destes que começa subestimando nossa capacidade de trabalho e nossa economia? Porque será que ele tem fábricas no Brasil e pretende aumentar este investimento? Não é pelo mercado, não é pela mão de obra? Será pelso belos olhos da Dilma e do Mercadante, que anunciaram o invetsimento de US$ 5Bi deste senhor? Li recentemente que a Foxxcon teve problemas no Brasil com fiscalização do ministério do trabalho, também li que ele busca financiamento para abrir a nova planta no Brasil, fábricas de outros produtos chineses buscam negócios no Brasil de uma maneira respeitosa e espero que, depois de comprovados tais comentários nosso Governo tome uma atitude de repúdio e mostre que somos um País sério, que buscamos sim transferência de tecnologia, mas não a que a Foxxcon tem, que ela é simplesmnte uma montadora de produtos, que a tecnolgia não é propriedade deles e sim de seus licenciadores. Se fosse possível e sem revanchismo, mas profissionalismo envolvido, aumentaria a fiscalização sobre as atividades da Foxxcon no Brasil e não autorizaria o financiamento, via BNDES, deste empreendimento. Já que este senhor está fazendo um favor ao nosso País, que o faça integralmente, traga sua fábrica com recursos próprios ou de terceiros, mas sem fontes de financiamento de governo, apesar de entender que em outros casos é natural que sejam fontes o governo, Se não lhe interessa o mercado brasileiro, melhor ainda! Não nos interessa uma fabriqueta de montagem de componentes que não tem tecnologia própria! Se não trabalhamos o suficiente, que busque sua mão de obra no Vietnam e no Camboja. Sejamos objetivos também com os licenciadores, donos da tecnologia que este senhor diz que transferirá, e digamos que não nos interessa termos a Foxxcon fabricando no Brasil produtos deles, eles que busquem ou desenvolvam fornecedores locais ou outros que não sejam a Foxxcon, provavelmente a arrogância deste senhor será diminuída e mais provalmente ainda ele fechará suas fábricas e se mudará do Brasil para outros lugares onde aceitem esta arrogância e pedantismo. Talvez percamos alguns poucos empregos que ele dá hoje, mas pelo menos não teremos que escutar este senhorzinho de engenho falando bobagem pelos próximos anos. Segue abaixo a matéria http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1052729-brasil-so-oferece-mercado-local-diz-foxconn.shtml